PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA: CAMINHOS TEÓRICOS E PRÁTICOS
Makeliny Oliveira Gomes Nogueira, Daniela Leal
Informamos que é de inteira responsabilidade das autoras a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora InterSaberes.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei
nº 9.610/1998 e punido pelo
art. 184 do Código Penal.
Agradecimentos
Agradeço a todos aqueles que contribuíram para a minha
transformação nesta longa caminhada até aqui e, em
especial, à professora Inge Suhr, pela primeira
oportunidade no Centro Universitário Uninter.
Makeliny
Agradeço a Deus por colocar em meu caminho pessoas
tão especiais. Você, Mak, é uma delas. Obrigada pela
amizade e confiança.
Daniela
Apresentação
Este livro tem o objetivo de apresentar a psicopedagogia clínica com base nos fundamentos teóricos e práticos do processo de avaliação psicopedagógica de crianças e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem. Com o propósito de orientar o futuro psicopedagogo, contemplamos desde as ações iniciais, tais como a entrevista com os pais, passando pela entrevista, pelas provas e pelos testes com a criança e o jovem, assim como pela anamnese, enfim, por todas as etapas do diagnóstico.
Nessa perspectiva, esta obra surge como fonte de reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes, assim como sobre a prática clínica da psicopedagogia e as inter-relações entre esses dois focos.
Estruturamos o livro em seis capítulos, que abordam, além da fundamentação teórico-metodológica, questões e atividades de fixação ao final de cada um deles. Cada capítulo conta igualmente com indicações culturais, como filmes, documentários, leituras e sites com os quais o leitor poderá consolidar o seu aprendizado.
No primeiro capítulo – História da psicopedagogia: rumos e desafios – estudaremos como se deu a construção histórica da psicopedagogia no mundo e no Brasil, assim como seus principais conceitos e a importância dessa área de atuação para a educação e a saúde, destacando a importância da Associação Brasileira de Psicopedagogia para a formação do profissional psicopedagogo e do processo de regulamentação dessa área como profissão.
No segundo capítulo − Avaliação psicopedagógica: o processo de investigação clínica − estudaremos os conceitos básicos da avaliação psicopedagógica à luz da epistemologia convergente de Jorge Visca,
apresentando sua teoria baseada em três correntes teóricas: a psicanálise de Freud, a epistemologia Genética de Piaget e a psicologia social de Pichon Rivière, linhas de pensamento fundamentais para o desenvolvimento da prática clínica.
No terceiro capítulo – denominado Diagnóstico psicopedagógico: etapas
e instrumentos – apresentaremos aos leitores o diagnóstico psicopedagógico clínico detalhado, seguindo o modelo da epistemologia convergente de Visca e trazendo ao leitor os instrumentos de avaliação: entrevista inicial, anamnese, entrevista operativa centrada na aprendizagem (Eoca), o uso de testes, provas do diagnóstico operatório, provas projetivas e a caixa de trabalho. Abordaremos ainda neste capítulo a observação lúdica, a avaliação pedagógica (leitura e escrita e matemática), as relações entre aluno-professor e aluno-escola e a avaliação psicomotora.
No quarto capítulo – intitulado Provas operatórias e projetivas: instrumentos que auxiliam a avaliação clínica – estudaremos as provas do diagnóstico operatório piagetiano e as provas projetivas de Visca, aprofundando nossos conhecimentos sobre cada uma dessas etapas, desde os materiais utilizados até as formas de aplicação e avaliação de cada uma delas.
No quinto capítulo − Estudo de caso: os desafios da intervenção psicopedagógica − demonstraremos um estudo de caso real, com as interpretações e etapas que concernem à avaliação diagnóstica clínica, esclarecendo e ilustrando os capítulos anteriores. Além disso, apontaremos caminhos para a instrumentação e compreensão do trabalho interventivo na clínica psicopedagógica.
Finalmente, no sexto e último capítulo, denominado Informe psicopedagógico: suas origens e sua elaboração, buscaremos discutir como se dá a elaboração de um informe psicopedagógico durante todo o processo de diagnóstico da criança e do adolescente com problemas escolares, assim como a devolutiva para pais, professores, escolas e demais profissionais.
Esperamos que este livro possa contribuir com a reflexão-ação de psicopedagogos, psicólogos, educadores e demais profissionais que se dedicam ao tema da aprendizagem e do desenvolvimento humanos, dando suporte teórico e prático ao “saber fazer” clínico.
Introdução
A psicopedagogia nos permite atuar em três tipos de campos profissionais, a distinguir: nas áreas clínica (consultório), institucional (escolas, instituições, empresas e organizações não governamentais – ONGs) e hospitalar (classes hospitalares), visto que sua finalidade se encontra tanto no caráter preventivo quanto no aspecto terapêutico do processo de aprendizagem e suas dificuldades.
Portanto, cabe a essa área do conhecimento e de atuação prática atingir não somente o sujeito com dificuldades no processo de aprendizagem, mas também os pais e a comunidade que fazem parte de seu referencial de vida, para que todos possam compreender como se dão os processos de identificação, análise, planejamento e intervenção do profissional da psicopedagogia diante das dificuldades apresentadas no processo de aprendizagem.
Apesar de sabermos que cada uma dessas ramificações da psicopedagogia possui sua importância no trabalho realizado pelo profissional dessa área, nesta obra buscaremos discutir mais especificamente a psicopedagogia clínica e seus diversos instrumentos de aplicação. Não que esse seja o foco mais importante a ser explorado, mas sim porque intentamos esclarecer muitos anseios e muitas dúvidas que pairam sobre a atuação psicopedagógica clínica, tanto no trabalho de profissionais já formados e atuantes na área quanto no início da formação para uma nova atuação profissional.
Nesse sentido, o psicopedagogo poderá identificar, por meio do trabalho clínico e de seus mais diversos instrumentos − os quais serão demostrados detalhadamente nos capítulos que irão se seguir −, as causas dos problemas de aprendizagem, para que esse profissional possa confirmar ou não suas suspeitas sobre as causas do não aprendizado.
Caso seja realmente confirmado o diagnóstico, o psicopedagogo inicia o atendimento, utilizando-se de diversas atividades que possuem o intuito de identificar a atividade mais apropriada para que o sujeito em questão aprenda, assim como o motivo que causa o bloqueio da aprendizagem. Para tanto, o psicopedagogo utilizará de recursos como jogos, brinquedos, brincadeiras, histórias e outros recursos que forem oportunos.
Afinal, a criança muitas vezes não consegue falar sobre seus problemas − como é o caso do nosso sujeito do estudo de caso − e é por meio de desenhos, jogos − como será observado nas provas projetivas − que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade.
Posto isso, podemos dizer que a psicopedagogia clínica tem como papel principal retirar os sujeitos de suas condições de não aprendizado, dotando-os de sentimentos de autoestima e, principalmente, fazendo-os perceber suas potencialidades para recuperarem seus processos internos de apreensão da realidade, tanto nos aspectos cognitivos como nos afetivo-emocionais.
1- História da psicopedagogia: rumos e desafios
“Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos.”
Compartilhe com seus amigos: |