CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência de exercer uma Psicologia orientada positivamente é reveladora das potencialidades dos seres humanos, mesmo com certo grau de impedimento e comprometimento impostos pela patologia. O portador constitui um ser de potencialidades e deve ser reconhecido como tal. Não há meios de pensar a (re) inserção social e a promoção de saúde sem uma visão otimista dos processos humanos que esteja impregnada na política, nas disciplinas, na gestão social, enfim, em todos os setores.
Da dimensão da dor é possível extrair seu pólo oposto – o bem-estar. No entanto, não se poderia propor a exclusão dos ditos aspectos negativos de quaisquer práticas psicológicas sem correr o risco de cair na ideologia da auto-ajuda ou do mero aconselhamento, negando a rigidez de uma dor psíquica presente na experiência imediata do portador. Tal atitude significaria ao mesmo tempo negligência e alienação.
A existência humana contempla infinitos pares de opostos que se completam, se intercalam e se sobrepõem em movimentos diferentes, de modo que não haveria meios de viver sem sofrer ou de apenas sofrer sem poder viver plenamente.
A grande questão se fundamenta na prevalência de fatores bons, virtuosos, realizadores, não por intermédio de uma moralidade ultrapassada ou para a reparação de carências e danos numa prática caridosa ou penosa da Psicologia, mas pelo reconhecimento de um desejo da existência direcionado ao bem comum e à felicidade. Libertos das determinações do mal-estar tão familiarizado, vislumbrando possibilidades de experienciarem uma vida voltada para os aspectos positivos, os portadores de transtornos mentais puderam se reconhecer em condições novas, mais plenas e, porque não dizer, mais felizes.
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