Relaxamento Criativo e Imaginação
“Tal como o homem imagina ser, assim será, ele é aquilo que imagina ser”.
Paracelso (séc. XV)
"A imaginação é aquilo que tende a tornar-se real.”
Breton, A.(prefácio a Revolver à Cheval Blanc)
A partir do relaxamento físico e de uma tomada de consciência da respiração, Herrero, passa à elaboração dos conteúdos imaginativos de modo a utilizar a imaginação em nosso próprio beneficio, de uma maneira construtiva, voluntária e consciente, como diz ele. Nesse sentido, usa o termo “criação” para caracterizar o ato de tirar coisas que estão dentro de nós para fora, tirar coisas do nosso interior. “Podemos considerar que estas coisas passarão do inconsciente ao consciente, da mente ao corpo, da idéia à realização, ou do cérebro direito ao esquerdo.”xxi O que está em jogo aqui é o mesmo fenômeno da tendência de todo pensamento a tornar-se ação anteriormente citado que, neste momento, pode ser assim explicado: quando uma pessoa aceita una idéia, recebe uma sugestão e a aceita, se produz, como conseqüência dessa concentração do pensamento, uma modificação neuro-endócrino-muscular, um fenômeno que recebe o nome de Psicoplasia. De modo que a Psicoplasia pode ser definida como o conjunto de alterações orgânicas que subjazem a toda atividade psíquica e que são parte constitutiva dela; tendendo a produzir uma ação, uma conduta.
Herrero usa então o exemplo de Michelangelo, que via um bloco de mármore e falava sobre sua arte nos seguintes termos: “Dentro deste bloco há um anjo e a única coisa que preciso fazer é tirar as sobras da pedra para que ele apareça”. Mas, onde estava realmente aquele anjo, pergunta Herrero senão em sua própria mente, na sua imaginação. Bastava que fosse feito o traslado da pedra e que lhe tirasse as sobras para que o anjo aparecesse. É desta maneira que Herrero propõe o trabalho com o relaxamento criativo, aplicando-o segundo os desejos, interesses ou o trabalho de cada um.
Para isso, trabalha em três níveis distintos: a auto-imagem, a paisagem interna e a morada interior; todos contendo diversos elementos simbólicos que possibilitam mexer em certos aspectos da imagem física ou psíquica ou incrementá-los.
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Enumera três requisitos imprescindíveis para que essa elaboração da imaginação funcione:
1. Necessidade
2. Aceitar a possibilidade
3. Prática
Em primeiro lugar, deve ser uma transformação que a pessoa realmente sinta como necessária. Em segundo lugar, não se trata de acreditar que vai acontecer, mas ao menos aceitar que poderia ocorrer. O terceiro requisito é a prática.
Dr. Herrero ao final de seu texto afirma ter a pretensão tão somente de manter aberta uma porta de acesso a nossas capacidades potenciais “que, se não forem exploradas e desenvolvidas, continuarão adormecidas e ignoradas.”xxii Conta então, um breve conto-ensinamento da Tradição Sufi:
“Um charlatão na praça do povoado onde vivia Nasrudin, anunciava que, por meio de uma “técnica relâmpago”, podia ensinar qualquer analfabeto a ler.
Nasrudin saiu do meio da multidão.
- Ensina-me a ler... agora mesmo.
O charlatão tocou-lhe a testa enquanto recitava uma estranha fórmula e disse:
- Agora, vá imediatamente para casa e leia o primeiro livro que encontrar.
Um pouco depois, voltou Nasrudin correndo para a praça trazendo um livro na mão e procurando o charlatão, que já havia continuado seu caminho.
- Nasrudin, aprendeste a ler? Perguntou um amigo.
- Sim, mas isso não importa, porque neste livro eu li que é impossível aprender a ler instantaneamente e quem afirma o contrário é um charlatão.”
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