4.4 A PSICOPEDAGOGIA E O TRABALHO COM PROJETOS
Os projetos entendidos como meio da ação pedagógica compõem uma nova metodologia que busca atender a atual demanda da sociedade. Busca-se nessa metodologia a interação do educando com a realidade, valorizando o agir de quem aprende como elemento central para se compreender algo. Para aprender é necessário possibilitar que a inteligência do aprendente aja sobre o que se quer explicar. Toda aprendizagem tem seu habitat no convívio com os outros.
Na dinâmica dos projetos as disciplinas escolares organizam-se interdisciplinarmente atendendo às exigências da problematização em questão, rompendo, assim, com o paradigma cartesiano que separa cada área do conhecimento, fragmentando o objeto de conhecimento. Com isso, busca-se desenvolver competências políticas, culturais, éticas, emocionais e reflexivas com os alunos envolvidos.29
A ideia de trabalhar por projetos tem suas raízes primordiais no final do século XIX com Decroly, que propôs os centros de interesse para o desenvolvimento da ação pedagógica com crianças que apresentavam debilidade mental. Nessa mesma época Maria Montessori e Celestin Freinet também vislumbraram atividades que se esboçavam como projetos de trabalho. Posteriormente, observa-se John Dewey, na década de 1970, que ainda de maneira tecnicista propôs a ideia de realizar projetos na ação docente.30
Atualmente, pode-se observar o quanto é importante a formação de educadores que valorizem o desenvolvimento próprio e coletivo com criatividade e criticidade e que incentivem a leitura e a produção de materiais próprios, formando cidadãos questionadores e pesquisadores, atendendo às exigências do paradigma emergente.
O profissional de educação que busca sua prática pedagógica à luz do paradigma da produção do conhecimento tem como objetivo o desenvolvimento de competências profissionais, compreendendo-se como articulador do processo de construção do conhecimento, em que não há mais espaço para a simples reprodução do saber elaborado pela humanidade. Segundo Marilda Aparecida Behrens31, “o professor passa a ter uma nova proposta metodológica em que se torna o articulador e orquestrador do projeto pedagógico [...]”. Sua ideia é complementada por Antonio Carlos Gomes da Costa32, quando afirma que na pedagogia de projetos vê-se “o educador como um líder, um organizador e um criador (que cria conjuntamente) de acontecimentos”. De acordo com esta ótica, o educador, junto com seus educandos, é um produtor escolar, comunitário e social de acontecimentos estruturantes.
Maria Sílvia Bacila Winkeler33 diz que oferecer um ensino compatível com as exigências da sociedade contemporânea requer mudanças nas formas de trabalho, nas concepções de conhecimento e nas instituições educativas; busca-se um índice de qualidade direcionada para a produção do conhecimento, em que aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser são requisitos básicos para formar cidadãos conscientes de seus talentos, de suas possibilidades e com valores definidos.
Quaisquer que sejam as mudanças impostas pelas circunstâncias históricas, elas não invalidam a riqueza da experiência construída em dado momento e lugar, sobretudo pelas convicções construídas de que o trabalho coletivo, o comprometimento, o arraigamento da escola em sua realidade, a explicitação da intencionalidade política e a abertura da escola para a participação ativa no processo de aprendizagem de seus alunos são ingredientes necessários à construção de uma metodologia de trabalho por projetos, elementos estes que dão sustentação às práticas comprometidas com a produção do conhecimento.34
A prática pedagógica não se reduz à transmissão de conteúdos estáticos e esvaziados de vitalidade, mas integra a criação como processo necessário para a existência humana. Os projetos jamais tomam forma definitiva, acabada, pois abrem espaço para a criatividade e dinamicidade da vida, possibilitando que seus autores construam uma nova realidade.35
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