3.1 A DEMANDA DA ESCOLA PARA A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
É comum encontrarmos referências que mostram a configuração que a escola assume enquanto veículo transmissor de mudanças sociais. Como exemplo, Maria Helena Souza Patto3 nos mostra sua análise das relações que se estabelecem entre a escola e os rumos da sociedade brasileira nos últimos anos e analisa criticamente o papel desempenhado pelo sistema escolar no contrato do desenvolvimento de um país industrial, capitalista e independente.
Dessa forma, é importante para o psicopedagogo que vai atuar na escola parar pensar nas diferentes demandas do sistema escolar atual, com o objetivo de tornar sua ação coerente.Segundo Monereo e Solé4, “As necessidades da escola não são algo estático e prefixado, mas sim algo dinâmico e mutável, que se configura de diversas maneiras em momentos distintos e que obedecem, em boa parte, às expectativas que a sociedade projeta sobre ela”.
É primordial pensarmos na importância de o psicopedagogo estar atento às diferentes formas de funcionamento explícito e implícito da instituição educacional, pois estes constituirão a “personalidade” da escola, ou melhor, traduzirão como determinada instituição responde aos desafios que lhe são impostos no cumprimento de sua função de ensinar, envolvendo toda sua estrutura física, administrativa e humana.
Segundo Monereo e Solé5:
tudo isso conduz à revisão do papel, da formação, da localização, das funções e dos objetivos aos quais o trabalho psicopedagógico deve atender; seria lógico que assim ocorresse, pois, como mencionamos, a escola vai se transformando, seus propósitos adotam novas dimensões e suas necessidades e objetivos também se modificam. Para a instituição entendida em sua globalidade, o trabalho psicopedagógico deve dispor, por sua vez, de referências e instrumentos capazes de ajudá-la.
No entanto, para que o psicopedagogo efetivamente conheça a instituição com a qual vai trabalhar e proponha sua ação de forma coerente é necessário que disponha de referencial e instrumental adequados. Isso permitirá a ele fazer uma leitura dos aspectos emergentes e latentes da instituição escolar. Portanto, antes de iniciar a prática propriamente dita, é importante esclarecer a posição teórica que vai ser assumida neste módulo, servindo como modelo para o psicopedagogo em formação. Outras posições teóricas existem, e aqui não se tem o objetivo de criar uma hegemonia sobre esse referencial.
A necessidade de retomar os fundamentos que dizem respeito, principalmente, à abordagem sistêmica e à epistemologia convergente é inevitável. Essas duas lentes teóricas vão auxiliar muito na compreensão da instituição educacional como contexto de nossa ação, bem como oferecer instrumental adequado para a intervenção.
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