INTRODUÇÃO
Este trabalho traz um tema não muito comum de ser abordado pelos especialistas e estudiosos de saúde mental no que se refere às psicopatologias, mas que é extremamente relevante na área, no sentido de trazer muito sofrimento aos indivíduos que sofrem deste transtorno, devido à natureza de suas características, que é o transtorno de ansiedade social (TAS) ou, como é mais conhecido, Fobia Social.
A fobia social, como um transtorno de curso crônico, e muito prevalente na clínica, pode tornar-se uma condição altamente incapacitante para o indivíduo, devido ao grau de limitação psicossocial que impõe. Ou seja, o indivíduo que sofre deste transtorno se vê diante de uma situação onde ele precisa interagir socialmente para ter uma qualidade de vida e até sobreviver, já que o homem é um ser social, e é literalmente prejudicado para exercer essa atividade devido ao medo.
Muitas vezes pode parecer curioso e intrigante para os “leigos” ou indivíduos ditos “normais”, a natureza do transtorno. Ou seja, o homem como um ser altamente social e que sente ou deveria sentir prazer e satisfação em interagir com os outros, ter um medo irracional e persistente da própria sociedade e não conseguir se inserir à ela devido a esse medo. Essas manifestações são vistas muitas vezes como ‘‘frescura”, “comodismo”, ou até mesmo “fraqueza” do indivíduo por quem não entende e vivencia o problema. Tudo isso deve-se a falta de informação e divulgação sobre o transtorno, tanto da parte de especialistas quanto da parte do senso comum.
Diante dessa situação desfavorável que envolve a fobia social, este estudo tem por objetivo principal ampliar a compreensão sobre a fobia social, analisando de forma abrangente as suas características e manifestações tendo como base uma visão cognitivo-comportamental. Para isso, buscou-se uma articulação inicial entre a idéia de timidez e de fobia social, que muitas vezes torna-se imprecisa devido à semelhança entre as duas. Isso por sua vez dificulta o trabalho dos profissionais em diferenciar uma da outra e diagnosticar corretamente. Espera-se que esse trabalho sirva como fonte de inspiração para os profissionais de saúde mental, em especial os psicoterapeutas, para se aprofundarem no entendimento da fobia social, e conseqüentemente desenvolverem estratégias de intervenção mais eficazes com os pacientes.
A fobia social, como uma categoria diagnóstica bastante comum, foi escolhida como tema a ser abordado justamente pela falta de estudos e pesquisas sobre ela, e conseqüentemente pela pouca disponibilidade de tratamentos empiricamente validados e eficazes. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), tem se mostrado uma abordagem terapêutica promissora para o quadro, assim como para outros transtornos de ansiedade, e provavelmente irá se tornar o tratamento padrão para a fobia social, associada ao tratamento farmacológico nos casos mais graves.
Através de uma pesquisa bibliográfica, buscou-se fazer uma análise e uma reflexão sobre o tema aqui exposto, descrevendo e explicitando as principais idéias e teorias que envolvem a TCC, a fobia social, e uma breve visão geral da timidez também, visando estabelecer relações pertinentes entre o transtorno, o enfoque cognitivo, e os princípios de avaliação e de tratamento utilizados dentro deste referencial.
A parte inicial do trabalho focaliza brevemente o surgimento da TCC em um contexto histórico, trazendo as principais condições que favoreceram o surgimento desta abordagem, passando pelos principais autores e seus respectivos modelos teóricos. Na seqüência do trabalho, serão apresentadas as conceituações gerais sobre a timidez e a fobia social como uma forma de introduzir a idéia sobre essas duas manifestações, com destaque para a diferença clínica em termos de psicopatologia. Em seguida, será abordada a visão cognitivo-comportamental do transtorno, e também da ansiedade, apresentando suas possíveis causas, sintomas, fatores mantenedores e os modelos teóricos da fobia social ate então desenvolvidos. Diante disso, a parte clínica de avaliação, conceituação cognitiva e o processo de intervenção para fobia social serão focalizadas, descrevendo as formas e princípios básicos de avaliação nesta abordagem, o processo de conceituação e as técnicas e procedimentos de intervenção. Ao final, serão apresentadas as conclusões e as reflexões finais sobre o tema, visando incentivar o desenvolvimento de novas idéias, pesquisas e estratégias clínicas por parte dos profissionais de saúde mental.
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