2.2 O álcool e consequências do seu uso
O termo álcool refere-se a um grande grupo de moléculas orgânicas que possuem um grupo de hidroxila (-OH) ligado a um átomo de carbono saturado. O álcool etílico, também chamado etanol, é a forma comum do álcool, às vezes chamado de álcool de bebida, e é usado para beber. Sua fórmula química é CH3-CH2-OH (SADOCK; SADOCK, 2007).
O etanol é uma molécula pequena e solúvel em água e lipídios; atravessa as membranas biológicas prontamente e permeia todos os tecidos corporais, sendo que noventa por cento do álcool é metabolizado pelo fígado, e o restante excretado pelos rins, pulmões e pele (CECIL, 1998).
Há uma relação causal entre o consumo do álcool e mais de 60 tipos de doenças ou injúrias. Estima-se que o consumo do álcool cause cerca de 20-30% do câncer de esôfago, câncer do fígado, cirrose hepática, homicídio e acidentes de carro em todo mundo (OMS, 2004).
A intoxicação pelo álcool pode causar irritação, comportamento violento, sentimentos de depressão e, raramente, alucinações e delírios. Níveis crescentes de consumo em longo prazo podem produzir tolerância e adaptação tão intensa do corpo que a cessação do uso pode precipitar síndrome de abstinência geralmente marcada por insônia, evidência de hiperatividade do sistema nervoso autônomo e sentimentos de ansiedade (SADOCK; SADOCK, 2007).
O álcool é uma substância psicotrópica, que causa depressão do sistema nervoso central, apesar de que nos primeiros momentos após sua ingestão os efeitos são estimulantes, como euforia, desinibição e loquacidade. Mas com o passar do tempo os efeitos são depressores, como falta de coordenação motora, descontrole e sono; podendo provocar até mesmo o estado de coma (CEBRID, 2003).
O alcoolismo, pelas complicações que causam no plano somático e na esfera psíquica da pessoa e pela profunda repercussão no meio social, é hoje em dia um dos mais graves problemas de saúde pública no Brasil (FORTES, 1991).
Nos Estados Unidos da América o ônus do álcool sobre a sociedade é pesado, causando cerca de 100.000 mortes por ano; metade por traumatismo. O uso do álcool está implicado em cerca da metade de todos os acidentes relacionados ao tráfego e desempenha um papel importante nos homicídios, suicídios, violência doméstica e mendicância (CECIL, 1998).
Em um estudo realizado em São Paulo, onde foram examinadas 400 amostras de sangue provenientes de vítimas fatais de acidentes (trânsito, homicídios, suicídios e outras causas), 52,7% (211amostras) apresentaram alcoolemia positiva; e destas, 58,3% (123 amostras) apresentaram valores iguais ou superiores a 0,6 g/l, ou seja, acima do limite permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro e 41,7% (88 amostras) apresentaram resultados positivos, porém, abaixo do limite legal (PAULA; RUZZENE; MARTINIS, 2008).
O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) realizou dois levantamentos domiciliares sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil e, comparando as duas pesquisas, houve um aumento no consumo do álcool entre os brasileiros. Em artigo que compara os resultados das duas pesquisas, a porcentagem de dependentes do álcool no Brasil aumentou de 11,2% em 2001, para 12,3% em 2005. Os autores afirmam que tal fato pode ter ligação com a forte campanha publicitária que incentiva o uso do álcool, principalmente da cerveja (FONSECA et al., 2010).
No caso das drogas lícitas, os meios de comunicação veiculam imagens muito favoráveis ao seu uso; ainda que o tabaco e o álcool causem mais mortes e sofrimentos que todas as outras drogas ilegais juntas, tanto uma quanto a outra são midiatizadas nas publicidades, com imagens de pessoas bem sucedidas, na maioria artistas populares de renome, como exemplo de glamour, promovendo a sociabilidade e o estímulo à sexualidade (ALMEIDA FILHO et al., 2007).
De acordo com o II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil (2005), o uso na vida de álcool (quando a pessoa fez uso pelo menos uma vez na vida) no Brasil e na região Centro-Oeste foi, respectivamente, 74,6 e 73,6%; sendo tais números superiores aos encontrados no I Levantamento Domiciliar: 68,7 e 60,5% para o Brasil e região Centro-Oeste, respectivamente. Mas em relação a outros países, foi inferior aos 86,5% observados no Chile e 82,4% nos EUA (Estados Unidos da América) (CARLINI et al., 2006).
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