CAPÍTULO 4
A Gestalt
A PSICOLOGIA DA FORMA
A Psicologia da Gestalt é uma das tendências teóricas mais coerentes e coesas da história da Psicologia. Seus articuladores
preocuparam-se em construir não só uma teoria consistente, mas
também uma base metodológica forte, que garantisse a consistência teórica.
Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração, que não é utilizado, por não corresponder exatamente ao seu real significado em Psicologia.
Como já vimos no capítulo 2, no final do século passado muitos
estudiosos procuravam compreender o fenômeno psicológico em seus aspectos naturais (principalmente no sentido da mensurabilidade). A Psicofísica estava em voga.
Ernst Mach (1838-1916), físico, e Christian von Ehrenfels (1859-
1932), filósofo e psicólogo, desenvolviam uma psicofísica com estudos sobre as sensações (o dado psicológico) de espaço-forma e tempo-forma (o dado físico) e podem ser considerados como os mais diretos antecessores da Psicologia da Gestalt.
Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt
Koffka (1886-1941), baseados nos estudos psicofísicos que relacionaram
a forma e sua percepção, construíram a base de uma teoria
eminentemente psicológica.
Eles iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do
movimento. Os gestaltistas estavam preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. [pg. 59]
É o caso do cinema. Quem já viu uma fita cinematográfica sabe
que ela é composta de fotogramas estáticos. O movimento que vemos na
tela é uma ilusão de ótica causada pela pós-imagem retiniana (a imagem
demora um pouco para se “apagar” em nossa retina). Como as imagens
vão-se sobrepondo em nossa retina, temos a sensação de movimento.
Mas o que de fato está na tela é uma fotografia estática.
A PERCEPÇÃO
A percepção é o ponto de partida e também um dos temas centrais
dessa teoria. Os experimentos com a percepção levaram os teóricos da
Gestalt ao questionamento de um princípio implícito na teoria
behaviorista — que há relação de causa e efeito entre o estímulo e a
resposta — porque, para os gestaltistas, entre o estímulo que o meio
fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o indivíduo percebe e como percebe são dados
importantes para a compreensão do comportamento humano.
O confronto Gestalt/Behaviorismo pode ser resumido na posição
que cada uma das teorias assume diante do objeto da Psicologia — o
comportamento, pois tanto a Gestalt quanto o Behaviorismo definem a
Psicologia como a ciência que estuda o comportamento.
O Behaviorismo, dentro de sua preocupação cora a objetividade,
estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando isolar o estímulo que corresponderia à resposta esperada e
desprezando os conteúdos de “consciência”, pela impossibilidade de controlar cientificamente essas variáveis.
A Gestalt irá criticar essa abordagem, por considerar que o
comportamento, quando estudado de maneira isolada de um contexto
mais amplo, pode perder seu significado (o seu entendimento) para o
psicólogo.
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