BCL/IG: É uma abordagem bem inovadora...
ANTONIO ARANTES: Foi totalmente inovadora, porque, até então, a indicação era feita a partir da pesquisa acadêmica – da história da arquitetura ou da história das artes plásticas, da história da música, da arqueologia... E não fomos nós que concebemos as coisas desse modo; é o novo texto constitucional que articula os bens que constituem o patrimônio cultural da nação às referências importantes das identidades dos grupos sociais que a formam. Agora, o problema quase insolúvel enfrentado pelo gestor é identificar os grupos sociais que formam a nação...
BCL/IG: Você mencionou a auto-indicação e o protagonismo dos diversos grupos sociais na definição do patrimônio cultural brasileiro. Qual o limite disso? Eu posso indicar o meu clube, a minha vizinhança e você indicar os seus, por exemplo?
ANTONIO ARANTES: Essa é uma questão séria, que exige decisões bastante complexas. Não somente decisões de natureza técnica, mas basicamente decisões de natureza política. Claro que está implicado aí um diálogo entre o Estado e a sociedade. Os grupos propõem as indicações; mas é preciso verificar se ecoam, se fazem sentido para a sociedade mais ampla e em termos da legislação vigente.
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