L&PM Editores – Em Amar ou depender?, você afirma que, segundo especialistas, metade das consultas psicológicas se deve a problemas ocasionados ou relacionados com a dependência patológica interpessoal. Sofre-se muito por amor?
Riso – Sem dúvida, se sofre muito por amor, o que não deixa de ser uma contradição. Colocamos o amor num pedestal, decidimos que ele é todo-poderoso, que vai durar para sempre, que será a principal fonte de realização e coisas do gênero. Ao mesmo tempo, decidimos que, se não sofremos por amor, não amamos. Tenho pacientes que se queixam da falta de ciúmes do parceiro, como se a angústia do ciúme fosse um indicador do quanto se ama. O mais importante não é o quanto se ama, mas como se ama. O amor saudável é uma questão de qualidade e não de quantidade.
As pessoas sofrem muito por amor porque escolhem mal seu parceiro, são dependentes, temem a solidão, temem ser enganadas, temem a separação, enfim, há medo em tudo. O amor, já dizia Krishnamurti, é a ausência do medo. Para Spinoza, é algo como sentir alegria pelo outro existir. Aristóteles afirmava que amar é estar feliz. O amor saudável é alegre e prazeroso. Porém, se restringirmos o amor ao desejo, damos lugar para que o sofrimento apareça, porque o amor quer permanecer, já o desejo se esgota quando satisfeito. E o que vem depois se sinto apenas desejo? O sofrimento, o tédio. Amar é mais do que desejar.
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